Em carta enviada ao Portal Preto no Branco por fiéis, o Padre Francisco José de Lima faz críticas ao atual Bispo da Diocese de Petrolina, no Sertão de Pernambuco, Dom Francisco Canindé. De acordo com o sacerdote, a Diocese de Petrolina, atualmente, vive o “momento mais sombrio e tenebroso da sua história eclesial/eclesiástica”. Para o padre, o Bispo é um “burocrata” e se parece mais com um “coronel com vestes episcopais” do que um “pastor cuidadoso” com o seu rebanho. “Desde a sua chegada, Dom Francisco Canindé ignorou o clero e a história pastoral da Diocese. A nenhum de seus padres perguntou sobre a história, a organização e a caminhada pastoral da Diocese”, declarou. Na carta o sacerdote crítica ainda a omissão do clero diante da “tirania” do Dom Francisco Canindé.
“O clero não somente foi anulado por Dom Francisco Canindé, mas ele próprio se anulou quando, presencia injustiças, discriminação e perseguição cometidas contra um ou outro presbítero. Talvez se possa dizer que, pior do que o poder da tirania é a indiferença, covardia e omissão que
faz com que o poder da maldade perdure”, acrescentou. Veja a carta na íntegra: TIRANIA EPISCOPAL E OMISSÃO DO CLERO “Não considere amigo a quem só te elogia e não se presta a apontar teus defeitos”. Dom Bosco A Diocese de Petrolina, atualmente, vive o momento mais sombrio e tenebroso da sua história eclesial/eclesiástica. Não se trata de meras dificuldades, conflitos e divergências. Sabemos que os momentos de tensão e conflitos fazem parte da vida de qualquer instituição. Os momentos de tensão e de dificuldades. No entanto, o que acontece na Igreja particular de Petrolina, desde a chegada do atual bispo, Dom Francisco Canindé é algo tenebroso e catastrófico. Espalhou-se no Regional NE II, que a Diocese passava por muitos problemas. Mera invencionice para justificar nomeação de Bispo autoritário para a Diocese. O problema mais difícil que Petrolina atravessava antes e depois da renúncia de D. Manoel foi permanência do então bispo emérito, Dom Paulo Cardoso que se imiscuía demais na condução da Administração da Diocese, culminando com sua oposição frontal a um projeto da construção de um centro comercial nas adjacências do Palácio. Com a inesperada renúncia de Dom Manoel dos Reis de Farias, homem santo, simples humilde e aberto ao diálogo, governou a Diocese com todos, sobretudo, com o clero. Era um bispo acessível a todos e se destacava, dentre outras coisas, pela atitude de respeito e paternidade em relação aos padres. Governou com humildade e abertura para com todos. Jamais impôs determinações aos padres sem antes dialogar com eles. Jamais perseguiu quem quer que seja. Era realmente um pastor bondoso que soube encarnar em sua vida e missão a paternidade de Deus. Soube ser misericordioso, sobretudo com os sacerdotes que enfrentaram dificuldades no seu ministério. Nem por isso deixou de tomar decisões firmes e medicinais em relação aos padres quando preciso, mas sempre com respeito e misericórdia. Recordo de duas situações nas quais não se omitiu e salvou a vocação dos envolvidos. Com a renúncia de Dom Manoel, a Diocese aguardou e se preparou para receber o seu novo pastor que, muito prontamente, se revelou mais um burocrata com mitra do que um servidor do Evangelho, mais um coronel com vestes episcopais do que um pastor cuidadoso com o seu rebanho. Desde a sua chegada, Dom Francisco Canindé ignorou o clero e a história pastoral da Diocese. A nenhum de seus padres perguntou sobre a história, a organização e a caminhada pastoral da Diocese. Tal atitude é, em si mesma, desrespeitosa, inconveniente para qualquer administrador atualizado. Um bom administrador sabe ser imprescindível reconhecer e valorizar o trabalho daqueles que se empenharam e deram a vida pela empresa antes dele. Hoje, mais do que nunca, a sociedade não tolera o descarte puro e simples de profissionais. Se o mundo do trabalho requer o mínimo de educação e bom senso, imagine para um servo de Deus, para um bispo ao chegar a uma Diocese às vésperas de seu centenário. Ele deveria, ao tomar posse da diocese buscar, em primeiro lugar, ouvir e respeitar o clero local, pois os padres, segundo a Teologia e a espiritualidade, são seus filhos e primeiros mais diretos colaboradores. Se, com Dom Manoel, os leigos e padres gozaram de respeito e consideração, com Dom Francisco Canindé foram simplesmente ignorados. Atitude própria de um déspota ou de um monarca absoluto da Idade Média, ou ainda de um tirano que, na sua prepotência e autossuficiência traz consigo a pretensão de criar a Diocese do zero, como se esta não tivesse uma longa história eclesial e pastoral feita por leigos, padres e bispos, antes de ele aqui chegar. Primeira medida foi determinar que todos os padres entregassem a ele uma Carta demissionária entregando as paróquias e/ou outras atividades administrativas e/ou pastorais. Em sequência, entregou dois formulários para os padres preencherem. Informações que ele poderia obter de viva voz de cada padre, pois pedia dados pessoais da vida do padre, como data de ordenação, paróquia onde desempenhava seu ministério, formação etc. Em outro questionário, solicitava informações econômicas e financeiras, tais como: salário, aposentadoria, bens, testamentos etc. A partir de então, instalou-se um clima de desencanto e frustração no clero da Diocese, pois nenhum dos padres conhecia esse modelo episcopal. A partir daí, com reuniões frequentes com o clero, apenas para demostrar defeitos, falhas, práticas erradas que, segundo ele encontrou na administração anterior. A tônica foi até hoje financeira. Demonstrar despesas, gastos e dívidas em tom grave e crítico como se os padres fossem irresponsáveis e relapsos. Em sequência, criticando um programa que estava em vias de implantação na diocese e apresentou um modelo de Prestação de Constas que ele instituiu na Diocese de Bonfim, incluindo uma serie de planilhas para as comunidades (bairros e povoados) e paróquias. Como, segundo ele, tudo estava errado e nada prestava na Diocese, estava dado o mote de sua Gestão: alijar e humilhar todos os padres que havia assumido alguma atividade administrativa. Um do clero que foi durante muitos anos Vigário Geral, Reitor de Seminário e, mais recentemente, ecônomo e administrador diocesano, preferiu passar um tempo fora a ficar humilhado na diocese. Em julho de 2018, um grupo de sacerdotes do clero redigiu uma carta dirigida ao bispo e lida em reunião para ele, apresentava, de forma respeitosa e teologicamente correta, a preocupação da maioria dos padres com a maneira pouco paterna e pouco respeitosa como ele trata os padres. E sugeria mudanças no trato com os sacerdotes e que procedesse às nomeações para os cargos, já que, por determinação do bispo, os padres entregaram seus cargos. Não era conveniente que o clero ficasse ouvindo reclamações e críticas e insinuações maldosas. Já que não havia liberdade sequer poder opinar, não convinha ouvir preleções. Foi assim, que confirmou um padre como vigário geral como era antes e nas suas outras atividades: Pároco da Paróquia do centro de Petrolina e Reitor da Catedral. Essa foi uma de suas mais ignominiosas decisões, pois na prática, esse padre ficou até hoje como figura decorativa. Explico porque ignominiosa decisão. Trouxe consigo um padre com três anos de ordenado no sul do país por não ter sido aceito por parte do clero da diocese de Bonfim. Ele de uma cidadezinha do interior de Pernambuco que faz parte de Diocese de Nazaré da Mata. Assim, esse Padre é Secretário do Bispo, e exerce de fato a administração da Paroquia N. Senhora Rainha dos Anjos, Reitor da Catedral. O titular dessas funções não é chamado sequer para dar um aviso. O Secretário do Bispo administra as finanças, demite e admite funcionários sem o mínimo respeito. Inclusive trouxe um jovem de Bonfim para substituir um funcionário demitido da Matriz. Além disso, o referido Secretário exerceu a função de Administrador Paroquial da Paróquia Santa Rita de Cassia, na cidade de Petrolina já que o pároco fora transferido para uma paróquia a 50 km de Petrolina. Segundo depoimento de quem tem mais conhecimento, o referido Secretário é de personalidade desagregadora, vaidosa que esconde um grave complexo de inferioridade por ser de origem humilde. Segundo depoimento do próprio, deve tudo ao bispo. E por isso os dois são cúmplices. Um deve tudo ao outro e este outro não suportaria administrar a Diocese sem ele. Assim é que em vez de ajudar o bispo na gestão da Diocese, ele dificulta, pois cria narrativa negativa sobre cada padre, criando uma imagem negativa, sobretudo a respeito dos padres que exerceram alguma função administrativa na Diocese na gestão dos bispos anteriores. Em sequência, a vítima seguinte e, talvez, mais cobiçada, foi o Diretor do Colégio Diocesano Dom Bosco, por ser até em novembro de 2018, um Colégio com aproximadamente 1.500 alunos. Portanto uma atividade rentável. Demitiu da noite para o dia o Diretor do Colégio Diocesano e criou a Figura de Diretor Presidente e o referido padre e seu Secretário, Diretor Educativo. Nos dois anos seguintes, o referido Colégio, encolheu, pois segundo se comenta, atualmente conta com apenas 527alunos. Também não poderia ter outro resultado, além de não ter formação especifica para dirigir escola, tendo com um vice-diretor Coronel da policia Militar, em apenas um ano fez quatro viagens a Europa para comprar paramentos para sua Loja que mantém aqui no Brasil. O Secretario do Bispo ou do Bispado como agora é chamado, talvez com receio de perder espaço para um Seminarista que fez estágio com o bispo, alimentou uma antipatia pelo então seminarista, inventou histórias e fez dossiês e a muito custo foi ordenado diácono. Embora o então diácono tivesse um gosto e cuidado com a liturgia na Catedral e bom relacionamento com o Pároco da Paróquia e Reitor da Catedral foi mandado para fazer seu estágio como diácono em uma Paróquia a 100 km de Petrolina. E mais uma vez teve que esperar a boa vontade do Secretário que, em reunião do Conselho Presbiteral, recebeu pressão dos padres autócnes que conheciam o diácono e o Secretário não o conhecia. Portanto, seu parecer era sem cabimento. Ordenado sacerdote, foi mantido na referida paróquia onde fizera o estágio simplesmente por implicância do Secretário. Esse acabou desistindo e deixando o ministério. Como pode um bispo, pastor do povo de Deus, governar uma diocese sem a colaboração dos seus presbíteros, discriminando e alijando-os e depositando sua preferência e confiança apenas no secretario que trouxe consigo? “Eu conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas me conhecem a mim, conhecem minha voz e me seguem”.” Ai dos pastores que destroem ed ispersam as ovelhas do meu pasto, diz o Senhor. Portanto, assim diz o Senhor, acerca dos pastores que apascentam o meu povo: vós dispersastes as minhas ovelhas, e as afugentastes, e não as visitastes; eis que visitarei sobre vós a maldade das vossas ações”. Entregues à própria sorte, sem atenção e cuidado por parte do bispo, cada um procurou sobreviver conforme sugeria a sua imaginação. As reuniões do clero, como as demais que aconteceram ao que se nos parece, visitavam apenas arrecadar fundo financeiro. Não havia e não há liberdade para os padres autócnes se reunirem para partilhar, rezarem juntos e se ajudarem. O Secretário, ao que parece, é perito em teoria da conspiração. Fareja as reuniões e informava ao bispo que, por sua vez encontrava sempre uma oportunidade para desmobilizar os padres com ameaças. Como no poema de Raimundo Correa “As Pombas”, depois da sua chegada à Diocese, Levantou o voo o primeiro padre em 2019; Voa o segundo, em 2020, mais um que, após voltar da Espanha, deixa o ministério. O tratamento que recebeu do bispo está descrito em uma carta entregue pessoalmente ao bispo. E agora, infelizmente nas imediações do Dia do Padre, alça voo mais um padre. As Pombas, Raimundo Correa. “Vai-se a primeira pomba despertada… Vai-se outra…mais outra… enfim dezenas / De pombas vão-se dos pombais apenas/ Raia sanguínea e fresca a madrugada…” Com relação a Pastoral e Evangelização. Na Diocese de Petrolina, a ênfase é, atualmente, administração Financeira. As Pastorais que ainda funcionam com algum dinamismo deve-se exclusivamente a boa vontade de alguns leigos mais dedicados e, sobretudo ao Espirito Santo. Depois da chegada de Dom Francisco, as atividades que contaram com a iniciativa, o empenho e a presença do bispo, para ser mais exato, não poderiam receber o título de encontros Pastorais, já que ficou claro o seu objetivo: arrecadação financeira. Senão vejamos: 1. A Diocese dispõe de um grande Centro de Pastoral com sala para reunião e encontros de catequese, liturgia e pastorais. Com cozinha e refeitório, apartamentos para hospedagens e sala de reuniões para encontros pequenos apropriados para estudos e reflexões e aprofundamentos. 2. Os encontros realizados pela Diocese tivessem o caráter pastoral, poderiam ou deveriam ser nesse local com todas as condições apropriadas. Ao contrário, foram realizadas no Centro Cultural Dom Bosco (antigo Cinema) com disposição de sala de cinema com capacidade para aproximadamente 500 pessoas. A Diocese é organizada em foranias. Esses encontros poderiam ser também por foranias. 3. Aconteceu um Encontro com todos os Ministros da Distribuição da Sagrada Comunhão, acólitos e pessoal envolvidos na Liturgia, com cobrança de taxa a título de almoço. Um auditório com mais de 400 pessoas. Pastoralmente impraticável. Com leigos vindos de paróquia disistantes de Petrolina 100 a 150 Km. Até chegarem e se acomodarem, a reunião começava aproximadamente às 9 horas. Nessa reunião, foi apresentado o Modelo para a veste dos Ministros ao custo de R$ 110,00. Os ministros foram alertados a não mandarem confeccionar. Foram instados a comprarem na Cúria Diocesana. 4. Um Encontro de Catequistas de toda Diocese, nas mesmas condições e com as mesmas taxas. Também foi determinada a redução do tempo de preparação de dois para um ano. Os padres concluíram que o objetivo dessa redução não era pastoral, mas financeiro, pois quanto mais pessoas crismadas mais taxas. 5. Por decisão do próprio bispo realizou-se um Encontro de Catequese para os padres com taxa de mais de R$ 200 por cada padre e em seguinte para catequistas com taxa semelhante. 6. Reuniões e Retiro do Clero aconteciam no Centro Pastoral Monte Carmelo. Na reunião do Clero que era apenas uma manhã cada mês, passou a ser o dia todo incluindo almoço para cobrar uma taxa. E o retiro que fazíamos o rateio das despesas entre os padres. Cada um contribuía com uma taxa pequena. No último retiro, cada padre pagou aproximadamente R$ 600,00. 7. A justificativa para essas taxas para participar de encontros e retiros no Monte Carmelo é também para arcar com as despesas de conservação e Manutenção do Centro. Mas como justificar a cobrança de taxas altas dos padres da Diocese, se o Bispo cedeu gratuitamente o referido Centro para o funcionamento de um Hospital de Campanha?. 8. Como já foi dito, desde novembro de 2020 até o presente momento nunca mais houve reunião do Clero. “É uma responsabilidade séria de cada bispo ser e representar a mente de Cristo. Os bispos que dispersam as ovelhas que Jesus lhes confiou serão julgados severamente por Deus.” Cardeal Sarah). O poder episcopal quando exercido por um ser humano desfigurado e carente de humanidade é uma a ruína para a diocese e causa de muito sofrimento para o clero e para o povo de Deus. É próprio do tirano se considerar senhor soberano e absoluto. Que, governa injusta e cruelmente, colocando sua vontade e autoridade acima do amor, da lei e da justiça. Pessoa sem humanidade é cruel, desumano, maléfico, maldoso. Infelizmente é assim que é exercido o poder episcopal em Petrolina. Um autor/cantor de música religiosa assim se expressou quando soube de sua nomeação para a diocese de Petrolina: “Homem sem humanidade, sem misericórdia e sem pastoreio”. A nossa Igreja nos ensina que o bispo deve encarnar em sua vida e missão a paternidade de Deus e que deve considerar seus sacerdotes como amigos e filhos. É assim que nos ensina a Presbyterorum Ordinis n. 7: “Todos os presbíteros participam de tal maneira com os Bispos no mesmo e único sacerdócio e ministério de Cristo. Os Bispos, pelo dom do Espírito Santo, dado aos presbíteros na sagrada ordenação, deve considerá-los como necessários cooperadores e conselheiros. Por causa desta comunhão no mesmo sacerdócio e ministério, os Bispos devem estimar os presbíteros, como irmãos e amigos, e ter a peito o bem deles, quer o material, quer, sobretudo o espiritual. Estejam dispostos a ouvi-los, consultem-nos e troquem com eles impressões sobre os problemas pastorais e o bem da diocese”. Um bispo que tenha dificuldades nas questões relativas a contabilidade e administração seguramente pode contar com colaboradores para esta tarefa. Mas um bispo que não sabe ser pai nem pastor é uma tragédia porque ninguém lhe poderá substituir nesta tarefa de encarnar a ternura, a misericórdia e a paternidade de Deus. Se a Igreja é o Corpo de Cristo como nos ensina a doutrina, a humilhação e desumanidade praticada contra alguns padres, é contra o a Igreja particularmente o clero e comunidades paroquiais. O modo como são tratados alguns padre é uma bofetada na cara do clero todo. É preciso ser doente mental ou, pior ainda, alguém que perdeu a humanidade para não perceber que todos como Igreja fomos atingidos pelo golpe do bispo desumano e tirano. Omissão do Clero “No inferno os lugares mais quentes são reservados àqueles que escolhem a neutralidade em tempo de crise”. Não basta denunciar a tirania do bispo; é preciso denunciar com realismo a omissão do clero que permitiu desde o início que a tirania se instalasse na Diocese. O clero não somente foi anulado por Dom Francisco Canindé, mas ele próprio se anulou quando, presencia injustiças, discriminação e perseguição cometidas contra um ou outro presbítero. Talvez se possa dizer que, pior do que o poder da tirania é a indiferença, covardia e omissão que faz com que o poder da maldade perdure. A tirania só permanece de pé graças a neutralidade e indiferença daqueles que tendo consciência da situação opressora se calam; uns por covardia, outros por conveniência. E há ainda não podemos esquecer uma terceira categoria que são os bajuladores que no caso de Petrolina mesmo sem serem favorecidos em nada bajulam o bispo fingindo obediência e respeito. Quando o assunto é tirania, a obediência é um ato imoral. A obediência ao bispo é legítima somente quando este atua e determina ordens de acordo com a autoridade de Cristo. Ora, Cristo é a suprema norma e autoridade na Igreja. Ninguém está acima de Cristo. Quando um bispo atua e determina coisas claramente contra o Evangelho, não somos obrigados a obedecer cegamente, mas dialogar na busca de maior lucidez e clarividência e consonância com o Evangelho. A busca da Verdade compete a todos. Bispo e padres. A coragem para falar abertamente a verdade a fim de ajudá-lo a discernir é o que seria verdadeira obediência, respeito e amor ao bispo. A obediência cega não se deve a ninguém, nem mesmo a Deus porque Ele nos deu o dom da racionalidade para discernir o bem do mal. Obediência sem senso crítico é anulação da nossa humanidade e a permissão para que muitas arbitrariedades sejam cometidas. “Prefiro os que me criticam, porque me corrigem, aos que me elogiam, porque me corrompe.” Santo Agostinho. Durante meus 9 anos de formação nos seminários por onde passei era comum ouvir conselhos do tipo: cuidado para não se queimar, não diga o que você pensa para se queimar diante do bispo e do reitor. Hoje passados muitos anos e tendo abandonado o ministério faz quase ano vejo que este modo de aconselhar os outros e de pensar revelam covardia e omissão além de formar um caráter hipócrita e desumano. Essa ideia de cada um querer salvar a sua pele é uma aberração para um ser humano e ainda mais para um cristão. Lembremos que Jesus se queimou e se quebrou por nos. Recordemos que, na história foi graças a homens e mulheres fiéis a sua consciência que as ditaduras e tiranias foram denunciadas e derrubadas. Mas à custa de muito sangue. Ou seja, pessoas capazes de ter empatia e se colocar no lugar dos outros. Não se trata de visão de Igreja ou de Eclesiologia. O que acontece aqui não é questão só de modelo de Igreja. É uma estrutura montada para usurpar os direitos dos padres, excluí-los da gestão. Os padres só tem deveres e, sobretudo para fazer da paróquia uma fonte de renda para enviar para a diocese. Não há prestação de contas da diocese para os padres. Os padres são informados de alguma determinação através de cartas, Decretos ou recados via Whatsapp. Quem faz a gestão da Diocese é o padre Carlos que tem o dedo ou a mão em tudo. Conselho, Matriz, Catedral e Colégio Dom Bosco. Mesmo em um modelo de Igreja tradicional, os padres devem ser tratados como pessoa humana portadora de dignidade que, por isso merecem respeito, consideração e cuidados. Somos colaboradores da ordem episcopal e não empregados ou funcionários. Na realidade de hoje, mesmo um funcionário, um empregado não aceita certos tratamentos, pois há leis que protege o funcionário contra assédio moral, tratamento desumano e discriminatório. Em suma, o que está em questão, não é questão de eclesiologia, mas usurpação e concentração de tudo em função do projeto pessoal do Bispo e o superministro que ele trouxe a tiracolo. Como pode o padre CARLOS ser responsável pela condução da Diocese com todos os cargos? “Ama e faz o que quiseres. Se calares, calarás com amor; se gritares, gritarás com amor; se corrigires, corrigirás com amor; se perdoares, perdoarás com amor. Se tiveres o amor enraizado em ti, nenhuma coisa senão o amor serão os teus frutos. (Santo Agostinho) Não percebo nos padres ódio, revolta, mas tristeza e desalento. Por isso a carta endereçada ao bispo em julho de 2018, expressa um sentimento de amor e amizade. Porém percebemos que em nada mudou a postura do bispo, insuflado pelo secretário. Certa vez, disse ele a um padre: “Enquanto os cães ladram, a caravana passa”, insinuando que enquanto os padres se lamentavam, o bispo e ele continuavam indiferentes aos nossos apelos. Diante do poder da tirania ou as pessoas se unem para salvar a todos ou não se salva ninguém. Enquanto cada padre pensar somente na sua comodidade e viver no seu isolamento como se fosse uma ilha a tirania que instaurou em Petrolina continuará a esmagar Povo e sobretudo o clero como o Boi que esmaga os sapos com os pés. Até quando vamos ficar calados e indiferentes? Ou reagimos ou morreremos todos como sapos debaixo dos pés do boi. Na realidade tudo o que já aconteceu em Petrolina hoje e continua a acontecer infelizmente revela tragicamente que perdemos a nossa humanidade, sensibilidade e empatia. Estamos vivos, mas na realidade estamos mortos quando o que morre em nós é a humanidade e a capacidade de indignação. A situação na qual se encontra a Diocese poderia ser diferente se o clero tivesse reagido desde o início. Ser tolerante e indiferente diante do mal é um crime contra Deus e contra os irmãos. Nenhuma autoridade está acima de Deus e da nossa consciência humana e cristã. Infelizmente o Tribunal de Deus e da história nos pedira contas da omissão diante da tirania que se instaurou atualmente. (Padre Francisco José de Lima)
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