A
presidente Dilma Rousseff já tem por onde começar a sua reforma ministerial. A
julgar pela disposição dos principais líderes do PSB, o partido quer mesmo
antecipar seu posicionamento na sucessão presidencial de 2014, lançar o quanto
antes a candidatura do governador Eduardo de Campos, de Pernambuco, e promover
uma disputa particular com o PSDB sobre a primazia de liderar a oposição ao PT.
É insustentável, nesse plano, a permanência do ministro da Integração Regional,
Fernando Bezerra, no cargo.
Interessado
em ficar, porém, Bezerra tem procurado contemporizar os ânimos em seu próprio
partido, disparando recados de que a decisão de lançar Campos contra Dilma não
será tomada.
"O
PSB é um aliado de primeiro momento do PT no governo federal", disse o ministro,
no sábado de carnaval, em meio ao desfile do tradicional bloco Galo da
Madrugada, em Recife. Para ele, as críticas do governador Campos à administração
federal são "discussões para aproximar o partido da sociedade e ajudar o País".
Bezerra prosseguiu: "Todos os fatos recentes demonstram a disposição do PSB em
ajudar Dilma a vencer 2013. Ouço de Eduardo que a disposição é no sentido de
manter a aliança". Ele julga como natural a disposição da agremiação em planejar
uma candidatura própria, mas adianta que essa estratégia ainda não estaria
madura entre os socialistas. "Todo partido busca o poder, nenhum pensa em ser
sempre auxiliar. Só que temos um compromisso com uma aliança, o ambiente é de
diálogo entre PT e PSB", defendeu Bezerra Coelho.
Apesar
da defesa, o descontentamento de Dilma com o desempenho de Bezerra já circula
entre as colunas de bastidores políticos de Brasília. Além do baixo índice de
realizações do PAC 2 no Nordeste, pesam contra ele as movimentações do PSB em
oposição ao PT em áreas estratégicas como o governo do Distrito Federal, de
grande visibilidade política. Apesar de deter mais de 60 cargos na administração
do GDF, o PSB anunciou no ano passado o seu desembarque da base aliada do
governador Agnelo Queiroz, do PT. O gesto desagradou Dilma, que tem em Agnelo um
correligionário que não lhe cria problemas e, ainda, a ajuda a manter a capital
federal em clima de desenvolvimento para a Copa do Mundo de 2014, graças à
construção do Estádio Mané Garrincha. A arena, em estado adiantado de
construção, já é vista como a mais bonita entre as que estão sendo feitas no
País.
A
partir da cadeira de Fernando Bezerra, Dilma poderá iniciar a remontagem de
áreas importantes de sua administração. A presidente ainda não desistiu de
colocar o deputado paulista Gabriel Chalita, do PMDB, em seu ministério, mas
está menos inclinada do que antes a desalojar o ministro da Ciência e
Tecnologia, Marco Antonio Raupp, de sua posição. A primeira alternativa, de
colocá-lo no Turismo, onde o titular é Gastão Vieira, esbarrou num problema
sério: Vieira é aliado do ex-presidente José Sarney, o que provocaria uma reação
de sabor indigesto para o governo. Contemplando, porém, um nome peemedebista no
poderoso Ministério da Integração Regional, Dilma não teria dificuldade em
convencer seus aliados a aquiescer com a entrada de Chalita no primeiro escalão
pela porta do Turismo.
Caso
o PSB consume efetivamente o gesto de romper com o governo, toda a habilidade
verbal de Bezerra, demonstrada em pleno carnaval, terá sido
vã.
Fonte:
http://www.brasil247.com