Uma mulher, de 31 anos, morreu vítima de uma infecção, nesta quarta-feira (08), após ter extraído um dente, em uma clínica odontológica particular de Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá. Jucilene de França era gerente de uma loja na cidade e deixou dois filhos, de 15 e 6 anos. Os familiares denunciam que houve negligência por parte dos dentistas que fizeram o procedimento e atendimento. A certidão de óbito aponta que a morte foi causada por choque séptico, Angina de Ludwig [se trata de uma doença infecciosa] e extração dentária. Segundo a cunhada da vítima, Tatiane Magalhães, a extração do siso ocorreu no sábado (04), no Centro Odontológico do Povo (COP). No dia seguinte, a vítima teria começado a sentir fortes dores, inchaço e apresentou uma espécie de edema no pescoço. Jucilene voltou ao dentista e passou por um pronto-atendimento particular e um hospital antes de morrer. A família diz que ela estava bem de saúde e não tinha nenhuma doença. “Voltamos ao Centro Odontológico e lá disseram que era alergia da anestesia. Passaram um remédio, mas ela continuou sentido dor e muito inchaço. Fomos a um pronto-atendimento e o médico constatou que ela estava com uma inflamação e infecção. Ela tomou medicação novamente, mas mal conseguia abrir a boca”, relatou a cunhada ao G1. O médico que atendeu Jucilene disse que precisava internar a paciente, devido ao estado de infecção que ela se encontrava. Porém, o plano de saúde que Jucilene tinha não cobria a internação solicitada. “Mandaram ela para a Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá. Isso era 18h00 de quarta. Quando foi às 23 horas, ela faleceu. Os médicos nos disseram que ela estava com um edema muito grande e infecção generalizada. Tentaram reanimar, mas não conseguiram”, contou Tatiane. O corpo da gerente é velado na tarde desta quinta-feira (09) na Capela Santo Antônio, em Várzea Grande.
Clínica
Em nota enviada ao G1, o COP informou que a paciente passou por uma radiografia e extração simples, ‘transcorrendo tudo dentro da normalidade’. A clínica disse que Jucilene recebeu orientações sobre as condutas após a cirurgia e uma receita de medicamentos que deveriam ser tomados. O COP confirmou que a paciente retornou ao local se queixando de um edema e, na ocasião, foi orientada a tomar uma medicação, alertada para retornar novamente, caso não melhorasse nas próximas 24 horas. No entanto, conforme a nota, Jucilene teria voltado ao COP somente na quarta-feira e teve que ser encaminhada para o pronto-atendimento e, em seguida, para a Santa Casa. A clínica se colocou à disposição da família para dar todo o tipo de assistência e informou que aguarda o resultado da necropsia. O G1 procurou a Santa Casa de Misericórdia que se comprometeu em encaminhar uma nota sobre o atendimento feito à paciente. Entretanto, até a publicação da reportagem não houve manifestação sobre o caso.
Investigação
O Conselho Regional de Odontologia de Mato Grosso (CRO-MT) disse que não recebeu nenhuma denúncia sobre o que ocorreu com Jucilene. Contudo, vai acompanhar o caso. Segundo o presidente da Comissão de Ética do CRO-MT, Sandro Stefanini, existem riscos de infecção, mesmo que o profissional siga todas as normas do procedimento. Conforme Stefanini, o profissional é orientado a seguir normas antes da extração, como exames, raio-x e recolher dados da saúde do paciente. “A extração [do siso] pode ter esse risco, afinal, a pessoa poderia não estar em condições de saúde. Até mesmo o profissional pode seguir os padrões e correr o mesmo risco. Nesse procedimento cirúrgico é aberto uma exposição com a corrente sanguina e existem bactérias de todos os tipos na cavidade bucal”, declarou o presidente. A Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa de Cuiabá (DHPP) fez a liberação do corpo da vítima e deve encaminhar o caso para uma possível investigação, se necessário, na Delegacia de Polícia do Carumbé (Cisc Norte), em Cuiabá.
Fonte: G1 MT