Pela primeira vez desde que veio à tona o escândalo de corrupção envolvendo a compra das ações da F1 pela empresa CVC Capital Partners, Bernie Ecclestone falou sobre o caso e admitiu que o caso pode afastá-lo do comando da categoria se for considerado culpado pela justiça e preso no fim do processo.
A transação ocorreu em 2006. Naquele ano, a CVC, empresa da qual Ecclestone é representante e alto executivo, comprou as ações da F1 que eram do banco alemão de investimentos BayernLB, de propriedade de Gerhard Gribkowsky, e, consequentemente, assumiu o controle acionário da categoria.
O banco de Gribkowski detinha 47% das ações da SLEC Holdings — então empresa de Ecclestone —, que controlava as receitas dos direitos comerciais da F1 antes da aquisição das ações pelo grupo CVC. Ocorre que o banqueiro foi o intermediador da venda dessas ações ao CVC, mas foi acusado de ter recebido um suborno milionário de Bernie para negociá-las abaixo do valor de mercado.
A negociata, avaliada em € 45 milhões, envolveu a empresa Bambino Holding & Trust, também de propriedade de Ecclestone. Segundo acusações, Gribkowski devolveu o dinheiro a Bernie com recursos do banco alemão em duas remessas destinadas ao grupo Bambino. Gribkowski foi condenado e preso pela justiça de Munique, na Alemanha, em janeiro de 2011. Ecclestone, por sua vez, nega ter feito parte do esquema e diz que foi chantageado pelo banqueiro para participar da transação.
Contudo, pela primeira vez o dirigente máximo da F1 reconheceu que pode ter de deixar a F1 caso seja considerado culpado no envolvimento do escândalo de suborno. Em entrevista ao diário britânico ‘The Sunday Telegraph’, publicado neste domingo, Ecclestone disse que a CVC “provavelmente será forçada a se livrar de mim se os alemães vierem atrás de mim. Se eu for preso, isso é bastante óbvio”.
Ao longo da semana passada, Luca di Montezemolo, presidente da Ferrari e um dos maiores opositores a Bernie, também falou sobre o caso. “Primeiro de tudo, espero que nada aconteça a Bernie e à F1”, disse o dirigente italiano. “Se Bernie é acusado em um processo, acho que ele será o primeiro a dar um passo atrás no seu interesse pela F1. A era do show de um homem só não pode continuar”, bradou.
“Lentamente, estamos chegando ao fim de um período caracterizado pelo estilo de um homem que fez coisas importantes”, reconheceu o comandante de Maranello, que entende que a F1 precisa de ‘sangue novo’ em sua gestão. À frente da categoria desde a década de 70, Bernie tem hoje 82 anos.
Ecclestone revelou também que a CVC está à procura de um sucessor, mas negou que a busca esteja relacionada ao escândalo de corrupção. “Eles disseram que contrataram um caça-talentos para encontrar alguém casso eu morra ou algo do tipo. É natural que eles façam isso para manter todos contentes”, considerou o britânico.
Fato é que os rumores sobre a sucessão de Ecclestone faz emergir vários nomes. Entre os cotados, já apareceram Monisha Kaltenborn, atual chefe de equipe da Sauber, e Christian Horner, comandante da Red Bull.
Jackie Stewart, tricampeão mundial de F1, foi procurado pelo periódico e disse que não acredita que uma pessoa do paddock suceda Ecclestone no comando do esporte e entende que a própria CVC tem gente capacitada para assumir as funções que hoje são do poderoso britânico. “Não há nada na F1 que não aconteça sem o seu conhecimento. Entendo as pessoas dizendo que a será administrável sem Bernie Ecclestone. Mas a infraestrutura está lá. Está tudo em Belgravia [sede da FOM em Londres] e há muita gente com conhecimento”, avaliou.
“Duvido muito que haverá alguém no Paddock da F1 e não acho que isso vá acontecer. Acho que eles deveriam sair à procura do melhor [executivo] de todos”, comentou o escocês, que sugeriu o nome de Ian Todd, presidente da ISG, empresa de financiamento de estádios que ajudou a bancar a construção do novo estádio de Wembley
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