A trinca Flamengo, Maracanã e Brocador fez, de novo, mais uma vítima. Aos pedidos de 'Fica', Hernane fez um, Everton e Elano completaram, e o Flamengo atropelou o Emelec na segunda rodada do Grupo 7 da Libertadores por 3 a 1. Escalada descontou para os equatorianos. Ainda em negociação para se transferir para o futebol chinês, Hernane talvez peça para ficar. Pois é difícil esquecer noites assim.
Sem garantias bancárias para fechar a transação, a diretoria do Flamengo não liberou o Brocador. Concentrado, ele foi escalado para o jogo e ajudou o time de Jayme a vencer. Com o resultado, o Flamengo chegou aos três pontos na competição e alcançou o próprio Emelec.
O Léon, com quatro pontos, é o líder da chave e o Bolívar, com apenas um, é o lanterna. Na próxima próxima rodada do Grupo 7, o Flamengo enfrenta o Bolívar, no Maracanã, dia 12 de março. Na mesma data, o Emelec recebe o León no Equador.
O jogo
Não era um Maracanã completamente abarrotado como o time do Flamengo se acostumou a ver na Copa do Brasil de 2013. Mas estava cheio. Fazia barulho. E explodiam gritos de 'fica' para o Brocador. Cenário ameaçador para o Emelec, portanto.
O Flamengo começou bem. Elétrico. A bola chegava a queimar nos pés de jogadores que sentiam a primeira bafejada da torcida na temporada. Elano, com sete minutos, ameaçou de cabeça. Serviu apenas para aquecer a goela da galera.
Isto porque aos nove minutos Everton, no pique da arquibancada, rabiscou por entre os zagueiros do Emelec e já ia entrando na área quando levou aquele catiripapo tradicional de uma Libertadores de Achillier. Falta na entrada da área. Do camarote, Zico observava. Em campo, Elano homenageava. Pintura, quase com a mão, no ângulo esquerdo de Dreer. Golaço. Aos dez minutos, Flamengo 1 a 0 no Maracanã.
Tudo no roteiro. Festa na arquibancada, gol no gramado, vitória na Libertadores. Mas o Emelec de nada tem de bobo. Sabe como estragar festas rubro-negras. E se portou bem. Com avanços de Caicedo pela esquerda e sob a batuta de Mena, o time equatoriano chegava nos passes envolventes.
O Flamengo, mais encolhido em busca de um contra-ataque, dava espaços. Mugni, lento, errava muito. Vaias despertavam da arquibancada. Inquieto, Hernane corria em zigue-zague até o meio de campo. Queria a bola. Em 2014, nenhum golzinho no Maracanã, seu palco preferido em 2013. Mas a bola continuava com os equatorianos na maior parte do tempo. Pé em pé. Filme que irritava a arquibancada.
Mas sem maior perigo equatoriano, o Flamengo, mesmo que já pior em campo, quase conseguiu ampliar. De novo com Everton. Aos 28 minutos, ele recebeu bola na entrada da grande área, tirou dois zagueiros e bateu forte, cruzado. Consciente. Mas a bola beijou o pé da trave esquerda de Dreer e saiu. Hernane, sedento, esperava um rebote e levou as mãos à cabeça. Mas o panorama era equatoriano, com maior posse de bola. Por sorte, o primeiro tempo chegou ao fim.
Na volta do intervalo, Jayme de Almeida ouviu os anseios da arquibancada. Trocou as vaias de Mugni pela inquietude da arquibancada com os avanços de Gabriel. Ciscador, veloz com as pernas rápidas, ele deu outra pegada ao time na segunda etapa. E lá estava o Flamengo utilizando as pontas, principalmente a esquerda, via André Santos, algo raro no início do jogo.
Vá lá que Gaibor mandou um balaço com um minuto que obrigou Felipe a fazer boa defesa. Mas ali, oras, era o Maracanã. Casa do Flamengo. Casa de Zico. Quintal do Brocador em 2013 e...2014? Aos nove minutos, Elano tocou de letra para André Santos, que foi à linha de fundo pela esquerda, entrou na área e rolou para trás. Com um toque só, característico, Hernane rompeu a área equatoriana e...brocou. 2 a 0. Explosão na arquibancada. Ali, no quintal de Hernane.
Os gritos de 'Fica, Hernane!', óbvio, ecoaram novamente no estádio da final da Copa do Mundo de 2014. Entre tapinhas na cabeça dos companheiros e sorriso escancarado, o Brocador sorriu. Estava feliz, em casa. O clima de caldeirão voltara.
O Emelec ainda tentava esticar as bolas pela esquerda para Caicedo e ele até teve boa chance aos 21 minutos. Com o time cansado, Jayme entendeu que era hora de mudar para manter o ritmo. Elano, esgotado, saiu para entrada de Alecsandro. O Flamengo teve mais presença na área adversário. E Hernane....bem, estava difícil desligar o Brocador.
Aos 27 minutos, ele recebeu de Gabriel, ajeitou de fora da área e chutou rente à trave esquerda de Dreer. E ouviu aquele suspiro da arquibancada. Artilheiro de uma nação, o camisa 9 se contagiou pela vibração da arquibancada e fez as vezes de garçom. Aos 29 minutos, ele serviu Everton na entrada da área. O meia driblou Deer e tocou para o gol vazio, mas Nasuti tirou em cima da linha.
O abafa rubro-negro era tamanho no segundo tempo que Achillier, imprudente, deu carrinho perigoso em Alecsandro. Como já tinha amarelo, acabou expulso e deu mais espaços para a festa rubro-negra. No toque para lá e toque para cá, Cáceres lançou Everton pela direita. Sozinho, de frente para Dreer, ele tocou na saída do goleiro e ampliou para 3 a 0. Êxtase. Gols, arquibancada cheia, gol do Brocador. Nem mesmo o gol despretensioso de Escalada, ex-Botafogo, aos 43 minutos desanimou. E o Flamengo de 2013, enfim, reviveu uma de suas noites no Maracanã. Festa assim? Nem na China, Hernane.