segunda-feira, 12 de maio de 2014

Cisternas do Nordeste podem inspirar modelo de captação de água e resolver seca de SP

A tecnologia social aplicada no semiárido do Nordeste, com a construção de cisternas pré-moldadas para captar água da chuva, pode ser uma solução para resolver o problema da falta de água em São Paulo. A avaliação é de especialistas no sistema, que acreditam que a reutilização da água será inevitável no futuro.
A partir desta segunda-feira (12), o R7 traz uma série de reportagens sobre a escassez de água no Nordeste e as alternativas que a região encontra para enfrentar o drama da falta d'água.
Algumas cidades de São Paulo já sofrem com racionamento e o alerta agora é para a possível escassez hídrica durante a Copa do Mundo, que começa no próximo mês. Isso porque a principal fonte de abastecimento de água do Estado, o Sistema Cantareira, está com o nível abaixo de 10%.
Se a falta de chuva traz um problema novo para São Paulo, ela é antiga conhecida da população que vive no semiárido. Nessa região, que engloba nove Estados brasileiros, a estiagem dura até nove meses todos os anos e as famílias têm dificuldade de encontrar água para beber ou cozinhar.
Por isso, as famílias estão ganhando cisternas com capacidade de armazenar até 16 mil litros da água que cai do céu nos três meses chuvosos. É essa água captada da chuva que abastece as casas durante o resto do ano.
Em São Paulo, a medida também pode ser usada para economizar água. O presidente da FBB (Fundação Banco do Brasil), Caetano Minchillo, avalia que se os grande prédios utilizassem sistemas de captação de chuva, muita água poderia ser reutilizada.
— Não digo construir cisternas, mas será que cada prédio daquele de São Paulo não deveria captar água da chuva e utilizar de uma outra forma? É claro que daria para fazer isso.
Seca na cidade

A FBB é um dos parceiros do governo federal para a construção de 750 mil cisternas no semiárido durante o governo Dilma Rousseff. A ASA (Articulação Semiárido Brasileiro), também é uma das entidades que atua no sistema. O investimento total gira em torno de R$ 2 bilhões e vai beneficiar 17% da população do semiárido.
A coordenadora de Comunicação da Asa, Fernanda Cruz, analisa que a tecnologia das cisternas pode ser reaplicada nos grandes centros urbanos, desde que relevados alguns aspectos. Isso porque, devido à poluição, as chuva que cai nas cidades é mais tóxica.
— Existem algumas experiências em centros urbanos e é possível, sim. Estamos falando em captação de água de chuva. Mas as condições da chuva da área rural são diferentes da área urbana, inclusive a qualidade da água que cai. Há fatores como poluição e condições de telhado que precisam ser observados.
A ideia é armazenar a água da chuva e, se não for própria para consumo, utilizá-la para outros tipos de atividade, como jardinagem, lavagem de carros ou limpeza de residências, por exemplo.
No Rio de Janeiro, o Complexo do Alemão foi pioneiro no sistema de cisterna pré-moldada. Em 2012, durante a realização do Fórum Rio +20, a comunidade adaptou o sistema utilizado no semiárido nordestino e construiu uma cisterna para captar da água e reutilizá-la na produção de hortaliças.
Mesmo sem passar por problemas de estiagem, a comunidade do Alemão decidiu aplicar uma metodologia sustentável para preservar os recursos hídricos.
O superintendente do Banco do Brasil no Rio Grande do Norte, que apoia o sistema de cisternas no semiárido, comemora a iniciativa de reaplicar a tecnologia nos centros urbanos. Para ele, a captação de água da chuva dever ser usada de maneira preventiva.
— Mudança climática é uma coisa que está aí, que chegou e a gente precisa entender que precisamos cuidar do nosso País de uma maneira mais estruturada.
*A repórter viajou a convite da Fundação Banco do Brasil

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