Fiel aos seus “princípios” o
Prefeito de Remanso, Zé Filho, irritado com a repercussão da arbitrariedade que
cometeu contra 50 famílias desalojadas de casas que ocupavam e jogadas no
Ginásio de Esportes da cidade, resolveu ir mais longe: Deu entrada no último
dia 31 de uma ação de “reintegração de posse” do Ginásio que ele, por sua
esposa e Secretária de Ação Social, havia “cedido” para os desalojados.
Quem conta a história é uma das
vítimas da intolerância do prefeito Zé Filho: “Dia 25 de Maio fomos
surpreendidos com a Polícia, muitos empregados da prefeitura, alguns deles
armados, que vieram cumprir a ordem de tirar a gente das casas onde estávamos
já há nove meses.
“Ninguém resistiu e a Dona Telma,
que tinha ficado no carro, mas depois desceu quando viu que a gente não ia
resistir, veio falar com a gente. Prometeu que ia colocar a gente no Ginásio e
que ia fazer de tudo para conseguir um salário para cada um enquanto as novas
casas não fossem construídas. Prometeu que a gente iria poder ficar no Ginásio
e que ia ter assistência e cuidado”.
“Foram os caminhões da prefeitura
que nos levaram para o Ginásio. Logo no segundo dia não tinha água e tinha
muita sujeira. Dois dias depois já tinha criança doente. Os banheiros estavam
quebrados. A gente reclamou, fomos na prefeitura, mas não encontramos Dona
Telma. Acho que ele ficou com raiva porque saiu na imprensa. Hoje (dia 05/06),
soubemos que ele tinha feito outra ação. Desta vez para nos tirar do Ginásio”.
“A gente só ocupava as casas, que
estavam lá abandonadas por três anos, sem ser entregue, porque já não tinha
para onde ir. Expulsos das casas, fomos para o Ginásio, não porque a gente
gosta, mas porque não temos pra onde ir. E agora? Nem casa, nem ginásio”.
Do outro lado quem conta a
história, pede “pelo amor de Deus que ninguém fique sabendo que foi eu”: “O
prefeito ficou muito brabo quando viu o nome no blog. Eu mesmo ouvi, porque ele
não fez escondido nem nada. Foi aqui, no corredor da casa dele, para todo mundo
ouvir: “Esses vagabundos! Dou o ginásio e eles vão para rádio e nos jornais.
Não disse? Não tem isso de desalojar e arrumar moradia para vagabundo. Eles têm
de aprender! Desalojar é pouco, tem de humilhar! ”
A ação, assinada pelo procurador
geral do município, Dilermando de Carvalho Gonçalves Neto, reconhece que o
Ginásio foi cedido pela prefeitura, mas alega que foi “provisoriamente”. Tão
provisoriamente que não pôde passar de cinco dias. Alega ainda que “o município
não dispõe de condições estruturais e financeiras para arcar com a despesa
oriunda da manutenção dessas famílias”, reconhecendo que houve a oferta de
manutenção para que saíssem das casas e ao final pede o “uso de força policial”.
Afinal: “Não tem só de desalojar, tem de humilhar ou eles não aprendem”.
O Advogado Marcos Palmeira, assumiu
a defesa dos desalojados: “O pedido de reintegração de posse é nulo. Quem
colocou as famílias no Ginásio foi o prefeito. Quem lhes garantiu que ficariam
lá até ser encontrada uma solução foi o prefeito, por seus prepostos. Temos dezenas de testemunhas. Zé Filho não tolera
ser contrariado”.
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