Sobrevivente do naufrágio desta quinta-feira em Salvador, Gildete da Cruz Santana, avó do menino Davi Gabriel, de seis meses, relata que teve que convencer a filha, Ana Paula, a não se matar quando viu que não encontrava seu bebê, que caíra no mar após o acidente. Na porta do velório do neto, em uma igreja adventista do povoado de Mar Grande, Gildete contou ao GLOBO o que lembra da tragédia que causou a morte de 18 pessoas.
Foto: Márcio Flexa/Secom
— Eu não consegui segurar meu filho, mãe — dizia Ana Paula, segundo relato de Gildete.
Leia o depoimento de avó do menino Davi
— Ela (Ana Paula) recuou e disse que não ia entrar na lancha quando viu a chuva. Chegou um homem, pegou ela pelo braço e colocou na lancha. Ele dizia que era seguro. Ela não queria. Mas como tinha horário do médico em Salvador nós entramos. Davi estava se recuperando de uma micose na cabeça. Não foi essa história que povo está falando que a lancha virou porque todo mundo foi para o mesmo lado. Só vi uma pessoa se levantando quando o barco virou. Caiu uma mulher em cima do Davi, que estava no colo da minha filha. Isso ajudou a tirar a vida dele. A água começou a entrar e o Davi se perdeu. Minha filha gritava: ‘Eu não consegui segurar ele, mãe’. Ela procurava desesperada. A gente estava na água se agarrando nas tábuas boiando do barco. Paula queria se matar. Ela dizia: ‘Vou me jogar aqui’. Eu pedi a ela que pensasse nos outros filhos e que eu afundaria com ela se fizesse isso. Não deu tempo de pegar colete, nada. Eles se espalharam pelo mar. A gente foi pegando os que estavam boiando.
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