Fantasiado de capitão, à frente de um bote inflável onde se lia “PTitanic”, o empresário Luciano Hang, dono da rede varejista Havan, negou que tenha pago a empresas de tecnologia e marketing digital para impulsionar mensagens no aplicativo WhatsApp contra o partido do ex-prefeito Fernando Haddad e a favor do candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, de quem é ferrenho apoiador.
Segundo o empresário, seus vídeos, que têm “conteúdo lúdico” e “mensagens que as pessoas entendem”, são compartilhados espontaneamente por “milhões de pessoas que acreditam na mudança”.
“Eu uso o meu próprio celular, gravo esses vídeos com mensagens que as pessoas entendem e compartilham, no WhatsApp e nas redes sociais. Eu não pago para impulsionar o meu WhatsApp”, afirmou o empresário, em transmissão ao vivo na sua página oficial no Facebook.
Luciano Hang afirmou também que vai processar o jornal Folha de S.Paulo, que, em reportagem publicada nesta quinta-feira 18, informou que ele e outros empresários pagaram a agências para que fossem promovidos disparos em massa por meio do aplicativo de mensagens. Argumenta que a reportagem não exibe contratos assinados entre ele e as empresas.
O empresário também critica veículos de imprensa que, segundo ele, produzem artigos com o intuito de serem utilizados como “campanha política” pelo adversário de Bolsonaro, Fernando Haddad (PT). Ele cita reportagens que tratam de investigações contra ele e outros donos de empresas, suspeitos de coagir funcionários para o voto em favor do candidato do PSL. “Querem amedrontar as pessoas de bem desse país, para que eu não venha mais aqui falar com vocês”, diz.
O dono da Havan já foi condenado pela Justiça Eleitoral a pagar uma multa de 10.000 reais por ter impulsionado conteúdos em suas redes sociais a favor de Bolsonaro, o que foi considerado doação irregular de campanha. À época, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aceitou a alegação do candidato do PSL, de que ele desconhecia o fato de que Hang recorreu ao procedimento, e o inocentou de participação na ação ilegal, multando apenas o empresário.
Entenda o caso
A legislação eleitoral permite o impulsionamento de conteúdo em mídias sociais, mas delimita expressamente que apenas o candidato e a sua coligação podem recorrer ao serviço, vedado a utilização de terceiros. Além disso, os empresários, segundo a reportagem, cometeram uma segunda ilegalidade ao comprar bases de dados com números de telefone, para quais os conteúdos foram enviados. A legislação estabelece que mensagens do tipo só podem ser destinadas às pessoas que espontaneamente forneçam seu número.
Após as revelações da participação de empresários no impulsionamento de conteúdos a favor de Bolsonaro no WhatsApp, Fernando Haddad e o PDT, partido do ex-presidenciável Ciro Gomes, anunciaram que vão ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para pedir a impugnação da candidatura do capitão à Presidência pelo PSL. O assunto também dominou as redes sociais, com a hashtag #Caixa2DoBolsonaro aparecendo nos primeiros lugares entre os temas mais comentados no Twitter.
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