quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Petrolina perde o Hospital do Câncer e a capacidade de se indignar


no último sábado (23), uma matéria que denunciava que a Associação de Amparo à Maternidade e à Infância (Apami) estava perdendo o seu terreno, onde construiria o Hospital do Câncer de Petrolina. Isso depois de ter investido mais de R$ 2 milhões já na parte estrutural. Em português claro, além do terreno a Apami perde também esse montante investido ali. Literalmente enterrado ali.
Um constrangido Augusto Coelho me disse que jogou a toalha, que perdeu a queda de braço para a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), a qual solicitou para ela, ao patrimônio da União, a doação do terreno, mesmo depois da Apami ter proposto um convênio para a universidade construir o Hospital e estabelecer um departamento dedicado ao câncer.
“Eu implorei, desde o início, para que o superintendente da União viesse aqui a Petrolina para conhecer a Apami, conhecer a realidade da cidade e conhecer também a Univasf, mas isso foi tudo em vão”, lamentou.
Depois dessa reportagem, recebemos apenas uma nota de solidariedade do Lions Clube Petrolina Centro. Apenas isso.
Pensei muito se deveria escrever esse artigo porque, honestamente, esperei a manifestação da cidade, a indignação de nossa gente.
Só quem já teve um doente com câncer em sua casa sabe da importância da Apami e o valor desse hospital. Conheço de perto a luta e a entrega do pessoal nesse projeto voluntário.
Estamos assistindo um momento novo em Petrolina, no qual a maioria cala e assiste à falta de amor à cidade predominar.
Estamos perdendo a capacidade de tomar atitude.
Sempre escrevo com o cuidado de não ser tachado como o dono da razão, mas opinar significa contradizer, contrariar, mexer com a idéia e a opinião de outras pessoas, e não dá para aceitar calado porque acredito que toda unanimidade carece de reparos.
Talvez o hospital mereça mais que um texto de um blogueiro e até pode ser que toda movimentação que eu esperasse fosse em vão, mas não consigo aceitar que somente abaixemos as cabeças como medíocres, sem noção do que nos tiram sem, ao menos, um rosnado tímido.
Tenho um amigo que me considera romântico e sonhador. Respondo que estamos perdendo a essência, que somos demasiadamente tolerantes e que ética, caráter e honradez são adjetivos que não ensinam mais nas escolas.
No fim, esse não é para ser um texto triste ou deprimente, mas um alerta para que, talvez, encontremos o caminho de volta, pois agora somos duros demais para nos preocupar com o que não nos aflige.
O Hospital Dom Tomás não vai mais ser erguido no terreno ao lado do Traumas, mas o ferro e as duras pedras enterradas ali não serão mais sólidas do que a esperança e a luta pelo sonho ainda perseguido.
Nesta batalha, frágil mesmo é a saúde e a esperança das pessoas que, muitas vezes, sem forças até para chorar, sofrem resignadas. Definham e se desesperam por fora, mas estão gritando por dentro.

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