Diante da alta velocidade de disseminação e de casos fatais, circulam diversas afirmações sobre o SARS-CoV2- como foi nomeado o novo vírus.
Veja mitos listados pelo hospital universitário Johns Hopkins Medicine, em Maryland, nos Estados Unidos e esclarecidos pelo infectologista Michel Laks da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
1 - É possível se proteger do coronavírus fazendo gargarejo com alvejante, tomando ácido acético ou usando água salgada, etanol ou outras substâncias.
Mito.
É preciso tomar cuidado ao usar substâncias diversas que são falsamente divulgadas como eficazes para a prevenção, pois elas pode causar um estrago maior do que o causado pelo novo coronavírus.
"Fazer igestão de alvejante e ácidos mais fortes é perigoso, pois são substancias que geram lesões no trato digestivo e podem até causar queimaduras. Nesse caso, o paciente precisaria ficar internado e com suporte ventilatório", alerta o especialista.
Laks também destaca que o etanol é a base para a fabricação do álcool gel, mas o produto só deve ser utilizado para higienizar as mãos.
2 - O novo coronavírus foi deliberadamente criado ou liberado pelas pessoas.
Mito
"A gente sabe que já existiam seis tipos de coronavirus que causavam doenças em seres humanos, e a partir de relatos das autoridades chinesas de casos aumentados de pneumonia descobriu-se que o agente causador é um novo tipo do vírus", afirma Laks.
O novo coronavírus surgiu na China, mais precisamente em Wuhan, capital da província de Hubei.
3 - Usar apenas a máscara facial protege contra o coronavírus.
Mito
O diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Júlio Croda, já afirmou que "não existe nenhuma possibilidade de transmissão do vírus por mercadoria".
Entretanto, Lanks diz que não dá para dizer se é mito ou verdade. "Estudos mostram que o novo coronavírus persiste nas superfícies entre 1 e 9 dias", afirma.
Mesmo assim, o especialista não acredita na possibilidade de infecção por meio da encomenda de produtos.
5 - Animais podem pegar e transmitir coronavírus.
Não há evidências suficientes.
"A gente sabe que o coronavírus circula entre os animais, mas não tem casos confirmados de animais que transmitiram coronavírus para humanos", esclarece o infectologista.
A suspeita de especialistas sobre a relação do morcego com a disseminação do novo coronavírus se deve ao fato de que o mamífero foi a origem de epidemias anteriores, como a SARS (Síndrome respiratória aguda grave) e a MERS (Síndrome respiratória do Oriente Médio). Esta última passou a infectar o gato de algália e depois humanos.
6 - O novo coronavírus foi manipulado geneticamente e teria uma estrutura similar ao do vírus HIV, que causa a Aids.
Mito.
O SARS-CoV2 não foi manipulado geneticamente e não tem nenhuma semelhança com o HIV.
"O novo vírus tem uma semelhança muito grande com outros coronavírus, mas sofreu algumas mutações. Mas não há nenhuma semelhança com o HIV e o mecanismo de ação dentro do corpo também é diferente", ressalta Laks.
Ele acrescenta que o novo coronavírus atinge o sistema respiratório e pode ser eliminado totalmente do organismo após a manifestação da doença (covid-19). Já o HIV infecta as células de defesa e não é possível eliminá-lo do corpo.
7 - Está disponível uma vacina para curar COVID-19.
Mito
Não existe ainda uma vacina para prevenir o covid-19.
Existem pesquisadores trabalhando em uma possível vacina, mas ela não está pronta", observa Laks.